sábado, 1 de outubro de 2016

Este País não é para velhos

 
 
Contrastando com este belo dia de sol, o texto em presença pouca luz ou cor tem…
Reminiscências de uma antiguidade tortuosa e longínqua, essências quase perdidas de espectros do passado, fazem de nós, gerações do presente, consequências de uma evolução nem sempre pacífica, nem sempre errante, senhores de um Mundo que não é nosso.
Adultos somos, jovens fomos, idosos eventualmente seremos…
Outrora respeitáveis e respeitados em civilizações esquecidas, são, agora, pouco mais que um fardo na nossa civilização… nós o seremos ainda mais...
No que deveria ser a idade dourada, prateada, quando os rendimentos de um passado produtivo para mais não chegam, vive-se com pouca dignidade, encaixotados muitas das vezes em lares sem espaços verdes, sem os cuidados médicos necessários, sem a atenção merecida.  
Com tanto para transmitir, experiências de vida únicas, ainda de tempos sem carros num País imenso e em si fechado. Lendas e tradições perdidas de uma cultura singular. Tanto carinho e amor para dar, perdidos em salas isentas de movimento à espera do fim.
Vivem, à espera da morte, sentem-se sozinhos, com depressões que os médicos já não curam. Têm um tratamento “diferente” nos centros de saúde ou hospitais. A despesa em medicamentos é desmesurada em comparação com a parca reforma.
Nem sempre chegamos a velhos e na generalidade dos casos, será uma bênção…
Recordo com saudade a minha avó, longo cabelo branco, sempre preso a recordar uma Fräulein alemã. Recordo os olhos verde-água, muito límpidos, perfeitos e os longos Verões passados à beira-mar, ainda menino. E que boas as suas sopas eram… É claro que ansiava particularmente por um arroz doce como nunca mais comi…
Lamento profundamente, que a minha juventude me tenha afastado de um conhecimento mais profundo da sua vida. Partes do seu passado que perdi sem possibilidade de recuperar.
É muito difícil ser-se idoso em Portugal.
Angustia-me saber que merecem mais, mais carinho, mais atenção, melhores condições de vida, mas sobretudo, mais amor.

1 comentário:

  1. Nós quando somos jovens perdemos muita coisa importante que nessa altura nos passa totalmente ao lado. A idade traz-nos conhecimento para valorizarmos os pequeninos nadas que na juventude não vemos.

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