domingo, 2 de outubro de 2016

"Dignidade", a última fronteira

 
 
O respeito que a dignidade nos merece, não me parece discutível e choca-me que muitos o questionem, “atropelem” e “violem”, possivelmente fruto de genes coloniais que ainda os iludem com sonhos de excelência.
É um direito natural a ferro e fogo conquistado. Únicos, autónomos e livres somos… cada um o é… inatamente o é.
Filhos da dualidade, grandeza e respeitabilidade versus insatisfação e fraqueza… teimosamente entre céu e inferno… aparentemente insignificantes perante os ideais que nos envolvem.
A balança deixou de ser obrigada a apurar sacrifícios pagãos, onde o grupo ao indivíduo se elevava ao ponto da alma deste aos deuses ser oferecida.
Escravos que não eram Homens, civilizações destruídas, minorias erradicadas…
Perversões do passado ainda ensombram um presente frágil e tímido ao que aos valores respeita. Duas vidas não são mais importantes do que uma… um milhão também não. Irrepetíveis somos, com todos os nossos defeitos e virtudes somos, filhos de um deus maior… a dignidade, mais do que uma faculdade é uma exigência de vida, nossa e dos outros.
Em família, entre colegas, amigos, conhecidos e desconhecidos, sem preferências… uma vida não é mais importante do que outra. Do mesmo modo, todos temos defeitos, virtudes, evoluindo ou regredindo diariamente e tendo sempre como lema algo muito simples:
“O que eu penso ou digo do outro, ele poderá facilmente pensar pior de mim, os meus actos desrespeitosos, não alteram o facto do outro poder tratar-me ainda pior”.
É bem verdade que, instintivamente, dúvidas subsistem e hesitamos colocar a vida de um ente querido ao mesmo nível da de um estranho… se chegaram a esta linha, deve ser mais ou menos esse o pensamento comum… mas não é disso que se trata, não há que confundir dignidade, enquanto humanos, com laços de amizade, parentesco ou amor.
Eu considero-a, à dignidade, a última fonteira, o último marco que nos falta ainda assimilar enquanto Humanos.
Bom Domingo

 

 

2 comentários:

  1. Um texto que nos leva a reflectir. Cada vida humana é demasiado importante para que nos esqueçamos disso seja em nome do que for...
    Gostei de ler.
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  2. ... “atropelem” e “violem”, possivelmente fruto de genes coloniais que ainda os iludem com sonhos de excelência.
    Esses genes, se existiram, foram transportados para as colónias, não nasceram lá. E eu, que nasci numa das colónias portuguesas, orgulho-me de não possuir esse tipo de genes, muito menos o de grandeza. Eduardo Lourenço soube retratar muito bem este povo e a sua obsessão pela grandeza. A dignidade nasce com o indivíduo e quem nunca a teve jamais a terá. Há coisas que não se aprendem e esta é uma delas. Uma vida é sempre uma vida seja ela a de um homem ou a de um animal. Infelizmente muito poucos valorizam a vida e por isso temos notícias tão horríveis nos jornais.

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