sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Café da Manhã

Um momento, para ser especial, não tem necessariamente de ser longo, dispendioso ou acompanhado…
Café da manhã, rito de passagem para o mundo laboral, escassos minutos de gloriosa solidão. Muito, mesmo muito, especial…

Arriscando tornar esta visão numa imagem paródica, há que imaginar este instante e enquadra-lo no vosso local habitual, pendurando, ou não, pinturas pitorescas nas paredes.
De madrugada, pouco importa “a onde”, somente o meu café e eu…

É, efectivamente, um lugar-comum e é nesse mesmo pequeno universo que me encontrava quando, pela porta, entra um miúdo, pouco mais teria que 5 anos, de nacionalidade alemã, e na posse do que fora em tempos um brinquedo. Em grande agitação grita “ Das ist Kaput”, “das ist Kaput”. Imaginei imediatamente a entrada de um segundo traquinas a correr pelo estabelecimento, igualmente em grande forma, “Não fui eu”, “não fui eu”, “não fui eu”…

Nada aconteceu. Voltei a deambular pelas letras gordas do jornal, onde se lia terem as autoridades turcas afastado dos respectivos cargos87 membros dos serviços secretos.
Nada de surpreendente ou assim tão extraordinário, em todo o caso, quando a minha mente se coloca em “fuga”, tenho alguma dificuldade em parar (risos).
Assim, imaginei os turcos a encetar contactos com Portugal, visto termos um dos melhores potenciais humanos para tal profissão… basta imaginar ou recordar muitos dos nossos vizinhos, colegas ou amigos… Temos finalmente a possibilidade de dar uso a um dos nossos melhores recursos naturais… a nossa capacidade inata de sabermos tudo o que se passa na vida dos outros, infelizmente muitas vezes sabemos tão pouco da nossa…

Mas imaginem só o titulo do Jornal:

Autoridades turcas contratam comuns cidadãos portugueses para agentes – 007 Ordem para escutar…

Uma óptima sexta-feira

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Por um momento só... por um simples momento...

Nem sempre somos quem queremos ou quem poderíamos ser. Nem sempre vamos onde queremos ou poderíamos ir. Para os que dizem que a vida tem limites, claro que os tem, somos nós que os impomos, a gravidade e a lei…
Por um único momento, gostaria de ser capaz de compreender a mente do Homem, o que nos move, o que nos faz sorrir, odiar ou amar. Por um momento só, gostaria ter a cura para a maldade humana, eliminar todas as doenças e alimentar os pobres.
Nem sempre fui o que quis ou o que poderia ser, nem sempre fui onde quis ou poderia ter ido. Para os que dizem que a vida tem limites, claro que os tem e está na altura de os ultrapassar, o racismo, preconceito, egoísmo e preguiça.
Por um simples e único momento, gostaria de ser o sol, aquecer o coração humano, fazer esquecer o ódio e ensinar o conceito metafísico do amor. Por um só momento, gostaria de ter a sapiência para ensinar ao Homem o que é a igualdade, o prazer de dar e a capacidade de sonhar sempre mais além.
Se a vida deveria ser simples, então, porque razão, constante e repetidamente a complicamos?
Ouve, sente e olha, tu és o futuro, o teu. A vida, essa, é de facto simples, curta e valiosa.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Terceira Nuvem à Direita


Sou um sonhador, vivo pelo mundo, resido na terceira nuvem à direita. Espio as aves a planarem por baixo de mim, sempre belas, sempre dignas. Os rios parecem riachos, meninos a correr até à foz…
Ardente o sol que me ilumina, aquece e me faz sentir vivo.
Sou, o vento, a água dos oceanos, a floresta verdejante e sublime numa roda-viva de cores, e a terra que tudo ampara.
Radiosa a lua cheia, vela colossal, que faz sonhar os contos de fadas… Ritual de passagem… pura ilusão, mas sempre obrigatório.
Vivo dos momentos arrebatadores e comoventes, sinto-me nos confins do Mundo com o tempo por inimigo.
Sou um sonhador, nado em todos os rios, exploro oceanos profundos, deixo-me levar pelas correntes quentes e paro para mirar baleias, golfinhos e cachalotes…
Ardente a fogueira que me espelha, aquece e me faz sentir vivo. Sou o maior dos tubarões e o mais pequeno dos robalos, sou um demónio íntimo das esferas celestes e um ser de luz num imenso inferno.
Radiosa a minha alma sempre que te vejo, qual farol, simplesmente sei estar no caminho certo… estás comigo, estou contigo, pode ser sonho, pode ser realidade, deixei de querer saber….
Sou um virtuoso abelharuco, apareço à tua janela só para te fazer sorrir, dizer que a vida é bela, o Mundo te aguarda e mesmo o pior dos vendavais acalmará um dia. Quero-te fazer conhecer o paraíso esquecido, um mundo mágico repleto de surpresa e emoção. Quero-te apresentar o dono do tempo e do Mundo, simplesmente quero...
Sou um sonhador, vivo pelo mundo, resido na terceira nuvem à direita.

Day One

 
Não encontro, a bem da verdade, uma explicação clara e consciente da razão que me impeliu a iniciar este blog. Há muito que a decisão estava pensada, mas faltava uma razão… penso a ter encontrado numa expressão de Confúcio, que não deixa de retratar um pouco do que eu penso ter sido a minha vida nos últimos 15 anos e em relação aos quais procuro refrescar-me nos ventos da mudança.
Diz Confúcio que “os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, e depois perdem o dinheiro para a recuperar. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido…”
A vida não é um jogo. Vivemos na era dos Sims 1, 2, 3 ou 4, mas quando a vida não corre de acordo com as expectativas criadas, não a podemos voltar a jogar de novo.
A vida é feita de sofrimento, desilusões, requer coragem e mesmo heroísmo para continuar e ultrapassar o peso do cansaço, a dor, a desilusão e o fracasso.
Existem alturas, em relação às quais não enfrentamos apenas os nossos fantasmas mas também os dos outros, e recorrendo a Sun Tzu, na sua “Arte da Guerra”, parte da solução está em nós mesmos, se conhecermos o inimigo e nos conhecermos a nós mesmos, não há que temer o resultado. Se nos conhecermos a nós mesmos, mas não conhecemos o inimigo, por cada vitória sofreremos também uma derrota. Se nem a nós próprios conhecemos, então a derrota é certa.
A “Terceira Nuvem à Direita” não vai ser muito mais do que uma infinita busca para relatar, ao próprio, pensamentos, opiniões ou simplesmente novos conhecimentos, que de outra forma, por preguiça ou simples inércia, não os atingiria.
O ser humano enfrenta diariamente uma dualidade difícil de atingir e que versa sobre aquilo que somos efectivamente e aquilo que gostaríamos de ser. Procuramos atingir algo de grandioso, contudo nem sempre temos presente que é no caminho e nas pequenas coisas que estão contidas a glória e o prazer.
Neste primeiro texto, cumpre dizer que gosto de uma escrita que liberta, gosto de palavras dispersas brotadas do mais fundo do ser, gosto de divagações que visam “animar a alma e aquecer o coração”.

A viagem está prestes a começar…
Não me despeço sem brindar às palavras, sim, porque elas, as palavras, fazem-me sorrir, sofro a paixão de cada letra, a ferocidade com que é escrita, seus ventos de revolta, tristeza ou paixão e faz-me sentir... simples enlaces... da escrita que sou...